BAE Systems propõe produção nacional e financiamento sueco para modernizar as forças armadas brasileiras, com a produção local do CV90, que combate drones e oferece blindagem anti-30mm.

Por Sérvulo Pimentel - 11/04/2025

O Exército Brasileiro está prestes a tomar uma decisão estratégica de grande impacto na modernização de sua frota de blindados. A proposta da BAE Systems para a produção local do CV90, um veículo blindado considerado pelos especialistas como "a melhor opção para proteger a Infantaria", promete ser um marco importante. Além de fornecer os veículos, a proposta inclui a fabricação e integração 100% brasileira, com um projeto coordenado pela indústria nacional, e financiamento externo possível através do mesmo pacote sueco que viabilizou os caças Gripen no Brasil.

Marc Collins, diretor de novos negócios da BAE Systems, explicou em entrevista ao canal Caiafa Master durante a LAAD 2025: “Estamos oferecendo elementos adicionais importantes para o Brasil. A proposta é que a família de viaturas seja realmente brasileira, fabricada e integrada no Brasil”.

Financiamento Sueco: Um Trunfo Estratégico

O grande diferencial da proposta da BAE Systems é a possibilidade de financiamento externo do governo sueco, disponível por meio do pacote de crédito utilizado para a aquisição dos caças Gripen. "O financiamento está disponível para a criação de uma família de viaturas CV90", afirmou Collins, destacando a longa experiência da empresa sueca na exportação desse modelo.

Potência e Desempenho do CV90

O CV90 proposto para o Brasil é um tanque médio de 26 toneladas, com a opção de aumentar seu peso para 37,8 toneladas com proteção balística extra. Equipado com um canhão de 120mm, o CV90 possui letalidade equivalente à de qualquer tanque de combate pesado, mas com a vantagem de ser mais ágil e leve. Luiz Padilha, colunista especializado em defesa, destaca que "tanques médios são mais rápidos, eficientes e custam menos do que os pesados Main Battle Tanks".

Versatilidade e Inovação

O CV90 é uma plataforma modular com mais de 17 variantes, incluindo versões de combate de infantaria (IFV), viaturas de engenharia, morteiros e até a versão de tanque médio com canhão de 120mm. "O Exército Brasileiro pode modernizar sua Cavalaria com um veículo mais ágil do que os MBTs pesados", sugere Padilha.

Já são mais de 1.280 unidades vendidas para sete países europeus, sendo quatro deles membros da OTAN. O modelo CV90 MkIV, de última geração, conta com torre digital, sistemas C4I e possibilidade de integração com mísseis antitanque.

Conforto e Inovação Tecnológica

O CV90 também se destaca por detalhes que aumentam sua eficácia no campo de batalha. Suas esteiras de borracha, desenvolvidas com a Soucy International, reduzem o peso e o ruído, melhorando o conforto interno e a durabilidade dos equipamentos eletrônicos. A versão Mjölner, equipada com morteiros de 120mm, permite operações internas precisas, guiadas por GPS.

Produção Nacional e Benefícios Estratégicos

A proposta inclui a produção local do CV90, com a utilização de empresas brasileiras na cadeia de suprimentos. Caso o Brasil aceite a oferta, o país não só se tornará parte de um seleto grupo de operadores do CV90, mas também passará a exportar componentes do veículo, trazendo benefícios econômicos e estratégicos. A motorização Scania e a facilidade de manutenção são outros pontos destacados como vantagens para as Forças Armadas Brasileiras.

 

"Com a seleção de empresas brasileiras para a cadeia de suprimentos, o Brasil poderá ser um fornecedor de peças do CV90, gerando divisas para o país", conclui Padilha.